terça-feira, 23 de novembro de 2010

Término do Período



Ao fazer um balanço sobre tudo o que foi aprendido na disciplina ao longo do semestre, penso que o balanço foi positivo. Foi um ponto bastante positivo poder ter o primeiro contato com o doente fora do ambiente hospitalar. Também gostei muito de ter aprendido a aferir a PA e as medidas antropométricas. O ponto negativo ficou por conta de muitas vezes não termos orientação nas VDs, principalmente na primeira, e às vezes ficou parecendo que não tínhamos atividade para fazer, com a turma indo novamente à casa dos pacientes para fazer as mesmas coisas, o que se tornou desestimulador e repetitivo. Talvez se tivéssemos abordado uma segunda família, esse aspecto teria sido melhor. Apesar disso, certamente todo o conteúdo aprendido foi de grande valor para minha formação profissional.

Com relação às aulas teóricas, acho que os debates em torno do SUS e o conhecimento adquirido sobre o nosso sistema de saúde foi de grande relevância, pois meu conhecimento a respeito disso era extremamente escasso.

Genograma

O genograma é um instrumento que mostra graficamente a estrutura e o padrão de repetição das relações familiares e patologias. Suas características básicas são: identificar a estrutura da família e seu padrão de relação, mostrando as doenças que costumam ocorrer,  a repetição dos padrões de relacionamento e os conflitos que desembocam no processo de adoecer. A aplicação do genograma permite uma visualização do processo de adoecer, facilitando o plano terapêutico e permitindo à família uma melhor compreensão sobre o desenvolvimento de suas patologias. No acompanhamento e estudos de famílias, a compreensão de suas histórias naturais e padrões de adoecer pode potencializar a ação dos profissionais de saúde.

O instrumento, útil para a equipe de saúde, também pode ser usado como fator educativo, permitindo ao paciente e sua família ter a noção das repetições dos processos que vem ocorrendo e em como estes se repetem. O genograma permite à equipe de saúde perceber armadilhas no enfrentamento de problemas e auxilia na construção de uma proposta viável, mesmo apresentando limitações. Estas são decorrentes do fato de o genograma ser estático, ou seja, ele mostra um padrão fixo, que freqüentemente evolui pois é fruto das experiências individuais e também pela sua capacidade restrita de adicionar novos dados.

Clique na imagem para ampliar

Na figura acima, está representado o genograma da família do paciente A.G. Nele estão representadas algumas características da família do paciente, bem como o histórico de doenças recorrentes na família.

Contando com o que foi exposto até aqui e com o auxílio do genograma podemos avaliar algumas características do paciente A.G. e de sua família. A.G., 68 anos, aposentado, é casado com A.M.G., 58 anos, do lar, com a qual possui 3 filhos, com 2 destes filhos ainda residindo com os pais. A família é vinda de Alagoas, com os filhos nascidos já no Rio de Janeiro. A.G. é portador de DM e HAS, sendo tratadas com medicação. O paciente entrou em insulinoterapia há 2 semanas. Ele e sua esposa não souberam relatar casos de outras doenças crônicas, hereditárias ou cardiovasculares na família. O relacionamento entre A.G. e A.M.G. é normal, enquanto entre os demais membros da família é próximo. Já com os filhos de seu primeiro casamento, o relacionamento é mais distante.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

A última VD

A última atividade que acompanhei no PSF foi o treinamento em antropometria com o Prof. Eduardo. Infelizmente não pude acompanhar muitas consultas com crianças, devido a estar dispensando tempo em consultas com o paciente A.G. Também não estive presente nas atividades na creche, devido à duas faltas consecutivas e, na última aula, devido ao atraso da chegada da van ao PSF. Sendo assim, hoje fomos realizar a última VD com o paciente A.G.

Como de costume, eu e minha dupla fomos muito bem recebidas e começamos a conversar com o paciente e com sua esposa. Ele nos relatou estar realizando insulinoterapia, devido a persistência dos níveis altos da glicemia. Mais uma vez, conversamos com ele sobre a importância de seguir a dieta. Depois disso, ficamos conversando por algum tempo sobre assuntos diversos, e a esposa dele nos ofereceu até bolo! Ao final da conversa, nos despedimos e avisamos que não estaríamos mais acompanhando a família, devido ao término de nosso período letivo. A família me pareceu triste com a notícia, principalmente a esposa.

Ao retornar ao PSF, tive a oportunidade de assistir a consulta de uma criança com a Drª Patrícia.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Antropometria

Essa semana não realizamos visita domiciliar ao paciente, estando envolvidos em uma nova atividade. O professor Eduardo esteve nos ensinando sobre antropometria, quando fomos orientados sobre como obter as medidas corporais dos indivíduos. Tivemos a oportunidade de medir o comprimento e peso uns dos outros, além de nos familiarizarmos com os equipamentos. Também conversamos sobre o atendimento à criança doente, no qual estaremos envolvidos na semana seguinte. A nova atividade foi muito legal, pois já estava cansada de fazer VD! Por fim, irei escrever um pouco sobre o conteúdo aprendido.

Antropometria

Conceito: método de obtenção das medidas corporais de indivíduos.
Importância: permite determinar o estado nutricional de indivíduos e populações; é de fácil aplicação em todos os serviços de saúde, prático e amplamente aceito pela população, por ser um método não-invasivo.
Principais tipos de medidas antropométricas nos serviços de saúde:
 Peso;
 Comprimento (para crianças menores de 2 anos);
 Altura ou estatura (para crianças maiores de 2 anos e adultos)

1. Balança Pediátrica Mecânica


É utilizada para a medida do peso de crianças menores de 2 anos ou até 16 kg. Também pode ser utilizada a balança do tipo eletrônica.

Procedimento:

 destravar a balança;
 verificar se a balança está calibrada (a agulha do braço e o fiel devem estar na mesma linha
horizontal). Caso contrário, calibrá-la, girando lentamente o calibrador até que a agulha do braço e o fiel estejam nivelados.
 após constatar que a balança está calibrada, ela deve ser travada;
 despir a criança com o auxílio da mãe;
 colocar a criança sentada ou deitada no centro do prato, de modo a distribuir o peso igualmente;
 destravar a balança, mantendo a criança parada o máximo possível nessa posição.Mover os cursores sobre a escala numérica: primeiro o maior para os quilos; depois o menor para os gramas; até que a agulha do braço e o fiel estejam nivelados.
 travar a balança, evitando, assim, que sua mola desgaste, assegurando o bom funcionamento do equipamento;
 realizar a leitura de frente para o equipamento, com os olhos no mesmo nível da escala, a fim de visualizar melhor os valores apontados pelos cursores.
 fazer a anotação do peso na ficha da Vigilância Alimentar e Nutricional/prontuário;
 retirar a criança e retornar os cursores ao zero na escala numérica;
 marcar o peso no Cartão da Criança.

2. Antropômetro horizontal


É utilizado para medir o comprimento de crianças menores de 2 anos.

Procedimento:

 deitar a criança no centro do antropômetro, descalça e com a cabeça livre de adereços;
 manter, com a ajuda da mãe/outra pessoa: a cabeça apoiada firmemente contra a parte
fixa do equipamento, com o pescoço reto e o queixo afastado do peito; os ombros totalmente em contato com a superfície de apoio do antropômetro; os braços estendidos ao longo do corpo; as nádegas e os calcanhares da criança em pleno contato com a superfície que apóia o antropômetro.
 pressionar, cuidadosamente os joelhos da criança para baixo, com uma das mãos, de modo que eles fiquem estendidos; juntar os pés, fazendo um ângulo reto com as pernas. Levar a parte móvel do equipamento até a planta dos pés, com cuidado para que não se mexam;
 fazer a leitura do comprimento quando estiver seguro de que a criança não se moveu da posição indicada;
 anotar o valor obtido na ficha da Vigilância Alimentar e Nutricional/prontuário. Por último, retirar a criança.

3. Balança Plataforma Mecânica


É utilizada para pesar crianças maiores de 2 anos e adultos. Também pode ser utilizada a balança do tipo eletrônica.

Procedimento:

 destravar a balança;
 verificar se a balança está calibrada (a agulha do braço e o fiel devem estar na mesma linha horizontal). Caso contrário, calibrá-la, girando lentamente o calibrador; até que a agulha do braço e o fiel estejam
nivelados;
 Após o calibramento da balança, ela deve ser travada e só então a criança/adulto subirá na plataforma para ser pesado;
 Posicionar a criança/adulto de costas para a balança, descalço, com o mínimo de roupa possível, no centro do equipamento, ereto, com os pés juntos e os braços estendidos ao longo do corpo. Mantê-lo parado nessa posição;
 Destravar a balança;
 Mover os cursores sobre a escala numérica: primeiro o maior para os quilos; depois o menor para os gramas; até que a agulha do braço e o fiel estejam
nivelados.
• Travar a balança, evitando, assim que sua mola desgaste, assegurando o bom funcionamento do
equipamento;
 Realizar a leitura de frente para o equipamento, a fim de visualizar melhor os valores apontados pelos cursores.
 Anotar o peso na ficha da Vigilância Alimentar e Nutricional/ prontuário;
 retirar a criança/adulto (13° passo);
 retornar os cursores ao zero na escala numérica;
 marcar o peso das crianças até 6 anos de idade no Cartão da Criança.

4. Antropômetro Vertical


É utilizado para medir a altura de crianças maiores de 2 anos ou adultos.

Procedimento:

 Posicionar a criança/adulto descalço no centro do equipamento, com a cabeça livre de adereços; ele deve se manter: de pé, ereto, com os braços estendidos ao longo do corpo, a cabeça erguida, olhando para um ponto fixo na altura dos olhos; os calcanhares, ombros e nádegas em contato com o antropômetro/parede; os ossos internos dos calcanhares devem se tocar, bem como a parte interna de ambos os joelhos; os pés unidos mostram um ângulo reto com as pernas.
 Abaixar a parte móvel do equipamento, fixando-a contra a cabeça, com pressão suficiente para comprimir o cabelo. Retirar a criança/adulto, quando tiver certeza de que o mesmo não se moveu;
 Realizar a leitura da estatura, sem soltar a parte móvel do equipamento;
 Anotar o resultado na ficha da Vigilância Alimentar e Nutricional/prontuário.

sábado, 23 de outubro de 2010

As Visitas Domiciliares Seguintes

As visitas seguintes ao paciente A.G. consistiram praticamente no mesmo "roteiro": o paciente e sua esposa, que sempre estão em casa no horário em que costumamos fazer as visitas, nos recebiam com muita atenção e conversávamos sobre a situação de saúde de A.G. Perguntávamos sobre a dieta, que o paciente sempre indicava estar tendo dificuldade para seguir, e conversávamos sobre a necessidade de cumpri-la, caso contrário sua saúde poderia se debilitar, além do fato de que ele teria que se submeter à insulinoterapia. Após a visita, o paciente nos acompanhava até a unidade de saúde, onde era aferida sua PA e a glicemia, esta última sempre estando elevada. Acompanhamos consultas com a Prof.ª Dr.ªMárcia, no PSF, e com internos, em sua casa e no PSF. Nessas consultas, também era organizada a caixa de medicamentos do paciente que, supostamente devido ao anafalbetismo, não conseguia ler o nome dos medicamentos e, consequentemente, fazer o uso adequado dos mesmos. Nestas consultas, tivemos a oportunidade de realizar a medida da PA e auxiliar na medida da glicemia, o que foi uma experiência bastante estimuladora. Infelizmente, o paciente não demonstrou auto-cuidado e teve que se submeter a insulinoterapia.

Considerei as primeiras visitas domiciliares e consultas médicas supervisionadas bastante animadoras, porém, posteriormente, foram ficando tediosas, uma vez que sempre íamos à casa do paciente para dar as mesmas orientações, as quais o mesmo nunca seguia.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Aprendendo a aferir a PA

Hoje procuramos nosso paciente em sua casa, para saber como havia sido sua consulta na UPA, porém, o mesmo não se encontrava em casa. Assim, eu e minha dupla retornamos à USF para procurar informações sobre seu estado de saúde no prontuário. Verificamos que ele havia se dirigido à UPA, como recomendado, onde realizou insulinoterapia. Desse modo, ficamos na expectativa de encontrá-lo na semana seguinte.

Como o paciente não foi localizado nesse dia, a professora Ana nos ensinou a aferir a PA. Gostei muito dessa atividade, o que inclusive me estimulou a comprar esfigmomanômetro e estetoscópio para treinar em casa. Deixo aqui algumas informações sobre o que aprendi a respeito da medida da PA.

Procedimento para a medida da PA

1. Explicar o procedimento ao paciente, orientando que não fale e descanse por 5-10 minutos em ambiente calmo, com temperatura agradável. Promover relaxamento, para atenuar o efeito do avental branco (elevação da pressão arterial pela tensão provocada pela simples presença do profissional de saúde, particularmente do médico).
2. Certificar-se de que o paciente não está com a bexiga cheia; não praticou exercícios físicos há 60- 90 minutos; não ingeriu bebidas alcoólicas, café, alimentos, ou fumou até 30 minutos antes; e não está com as pernas cruzadas.
3. Utilizar manguito de tamanho adequado ao braço do paciente, cerca de 2 a 3 cm acima da fossa antecubital, centralizando a bolsa de borracha sobre a artéria braquial. A largura da bolsa de borracha deve corresponder a 40% da circunferência do braço e o seu comprimento, envolver pelo menos 80%.
4. Manter o braço do paciente na altura do coração, livre de roupas, com a palma da mão voltada para cima e cotovelo ligeiramente fletido.
5. Posicionar os olhos no mesmo nível da coluna de mercúrio ou do mostrador do manômetro aneróide.
6. Palpar o pulso radial e inflar o manguito até seu desaparecimento, para a estimativa do nível a pressão sistólica; desinflar rapidamente e aguardas um minuto antes de inflar novamente.
7. Posicionar a campânula do estetoscópio suavemente sobre a artéria braquial, na fossa antecubital, evitando compressão excessiva.
8. Inflar rapidamente, de 10 em 10 mmHg, até ultrapassar, de 20 a 30 mmHg, o nível estimado da pressão sistólica. Proceder a deflação, com velocidade constante inicial de 2 a 4 mmHg por segundo. Após identificação do som que determinou a pressão sistólica, aumentar a velocidade para 5 a 6 mmHg para evitar congestão venosa e desconforto para o paciente.
9. Determinar a pressão sistólica no momento do aparecimento do primeiro som (fase I de Korotkoff), seguido de batidas regulares que se intensificam com o aumento da velocidade de deflação. Determinar a pressão diastólica no desaparecimento do som (fase V de Korotkoff). Auscultar cerca de 20 a 30mmHg abaixo do último som para confirmar seu desaparecimento e depois proceder à deflação rápida e completa. Quando os batimentos persistirem até o nível zero, determinar a pressão diastólica no abafamento dos sons (fase IV de Korotkoff).
10. Registrar os valores das pressões sistólicas e diastólica, complementando com a posição do paciente, o tamanho do manguito e o braço em que foi feita a medida. Não arredondar os valores de pressão arterial para dígitos terminados em zero ou cinco.
11. Esperar 1 a 2 minutos antes de realizar novas medidas.
12. O paciente deve ser informado sobre os valores obtidos da pressão arterial e a possível necessidade de acompanhamento.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Acompanhando a consulta de A.G.M. na USF

Hoje eu e minha dupla fomos até a casa do paciente A.G. para realizar mais uma visita domiciliar. Fomos muito bem recebidas e conversamos com ele e sua esposa sobre se eles haviam conseguido, durante aquela semana, modificar os hábitos alimentares da casa, especialmente o paciente. Sua esposa relatou que ele não demonstrava esforço para melhorar sua saúde nesse sentido, o que também foi admitido ser uma tarefa difícil pelo próprio, o qual contou que vem se alimentando de pães, massas e cereais. Conversamos, mais uma vez, com a família que estes alimentos eram ricos em glicose e que, devido a diabetes mellitus, deveriam ser evitados pelo paciente. Explicamos sobre os agravos que a evolução do diabetes podem causar, tais como insuficiência renal, amputação de membros inferiores, cegueira e doença cardiovascular. O paciente informou estar consciente dos riscos e se comprometeu em procurar melhorar os hábitos alimentares.

Além disso, perguntamos se ele poderia ir até a USF, a fim de realizar a medida da PA e da glicemia. O paciente se disponibilizou e desejou ir imediatamente até a unidade. Chegando lá, acompanhamos sua consulta com uma interna sob supervisão. Foi aferida a PA, que estava em 14/9 e a glicemia, a qual estava acima de 450. Por este motivo, o paciente foi encaminhado à UPA, a fim de realizar insulinoterapia. Mais uma vez foi orientado sobre sua alimentação e sobre as complicações do diabetes.

sábado, 11 de setembro de 2010

Diabetes mellitus e HAS

Aproveitando o caso do paciente que estamos acompanhando nas visitas domiciliares, trago um pequeno texto com o conceito de DM e HAS e com a conduta a ser tomada com relação a elas na Atenção Básica.

Diabetes mellitus (DM)


O diabetes é um grupo de doenças metabólicas caracterizadas por hiperglicemia e associadas a complicações, disfunções e insuficiência de vários órgãos, especialmente olhos, rins, nervos, cérebro, coração e vasos sangüíneos. Pode resultar de defeitos de secreção e/ou ação da insulina envolvendo processos patogênicos específicos, por exemplo, destruição das células beta do pâncreas (produtoras de insulina), resistência à ação da insulina, distúrbios da secreção da insulina, entre outros.

Considerando a elevada carga de morbi-mortalidade associada, a prevenção do diabetes e de suas complicações é hoje prioridade de saúde pública. Na atenção básica, ela pode ser efetuada por meio da prevenção de fatores de risco para diabetes como sedentarismo, obesidade e hábitos alimentares não saudavéis; da identificação e tratamento de indivíduos de alto risco para diabetes (prevenção primária); da identificação de casos não diagnosticados de diabetes (prevenção secundária) para tratamento; e intensificação do controle de pacientes já diagnosticados visando prevenir complicações agudas e crônicas (prevenção terciária).

O cuidado integral ao paciente com diabetes e sua família é um desafio para a equipe de saúde, especialmente para poder ajudar o paciente a mudar seu modo de viver, o que estará diretamente ligado à vida de seus familiares e amigos. Aos poucos, ele deverá aprender a gerenciar sua vida com diabetes em um processo que vise qualidade de vida e autonomia.

Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS)

Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é um problema grave de saúde pública no Brasil e no mundo. Ela é um dos mais importantes fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, cerebrovasculares e renais, sendo responsável por pelo menos 40% das mortes por acidente vascular cerebral, por 25% das mortes por doença arterial coronariana e, em combinação com o diabete, 50% dos casos de insuficiência renal terminal. Com o critério atual de diagnóstico de hipertensão arterial (PA 140/90 mmHg), a prevalência na população urbana adulta brasileira varia de 22,3% a 43,9%, dependendo da cidade onde o estudo foi conduzido. A principal relevância da identificação e controle da HAS reside na redução das suas complicações, tais como:
• Doença cérebro-vascular
• Doença arterial coronariana
• Insuficiência cardíaca
• Doença renal crônica
• Doença arterial periférica

Os profissionais de saúde da rede básica têm importância primordial nas estratégias de controle da hipertensão arterial, quer na definição do diagnóstico clínico e da conduta terapêutica, quer nos esforços requeridos para informar e educar o paciente hipertenso como de fazê-lo seguir o tratamento. É preciso ter em mente que a manutenção da motivação do paciente em não abandonar o tratamento é talvez uma das batalhas mais árduas que profissionais de saúde enfrentam em relação ao paciente hipertenso. Para complicar ainda mais a situação, é importante lembrar que um grande contingente de pacientes hipertensos também apresenta outras comorbidades, como diabete, dislipidemia e obesidade, o que traz implicações importantes em termos de gerenciamento das ações terapêuticas necessárias para o controle de um aglomerado de condições crônicas, cujo tratamento exige perseverança, motivação e educação continuada.


quinta-feira, 9 de setembro de 2010

A Primeira Visita Domiciliar



No dia de hoje eu e minha dupla realizamos a primeira visita domiciliar ao paciente A.G. Saímos da Unidade de Saúde acompanhadas por uma professora, o que me fez pensar que a visita seria guiada pela mesma. Porém, ao chegarmos ao local em que o paciente reside, a professora foi embora, e foi quando eu e minha dupla percebemos que a visita seria feita apenas por nós. Assim, perguntamos ao paciente se poderíamos entrar para uma breve conversa, sendo prontamente recebidas. Explicamos o motivo de nossa visita e que estaríamos acompanhando-o semanalmente ao longo do semestre. O paciente foi bastante atencioso, bem como sua esposa, e conversamos a respeito da história de sua família, relações familiares, observamos e perguntamos sobre as condições do lar como, por exemplo, a fonte da água utilizada por eles, se havia rede de esgotos, etc., a fim de identificar algum possível foco de intervenção, não sendo observado nenhum fator de risco. Procuramos observar também se havia a presença de outros fatores de risco que pudessem afetar as condições de vida daquela família, sendo apenas observado, a partir do relato da esposa, que A.G. era etilista. Diante disso, orientamos o mesmo sobre os malefícios à saúde que o álcool pode trazer.

Após isso, conversamos sobre a situação de saúde do paciente, o qual é portador de diabetes mellitus e hipertensão arterial sistêmica. Assim, perguntamos sobre seus hábitos alimentares e atividades físicas. Devido a um problema de artrose nos joelhos, o paciente relatou ser impedido de realizar atividades físicas e, quanto à alimentação, relatou não estar controlando a ingestão de açúcar e sal. Ao perceber isso, orientamos o paciente sobre como manter uma dieta mais saudável e que contribua para o menor agravo de sua doença. Também perguntamos se o paciente estava fazendo uso de medicação, o qual relatou estar fazendo uso, conforme recomendação médica.

Finalmente, considerei a visita muito boa. Eu e minha dupla fomos muito bem recebidas e adoramos conversar com o paciente e sua esposa. Na hora da saída ela até nos serviu um pedaço de cocada, mostrou as fotos dos outros moradores da casa, que se encontravam trabalhando no momento, e até mesmo se emocionou, chorando, ao contar sobre a tristeza pelo término do namoro de um dos filhos. O ponto negativo da visita foi a ausência de um orientador, visto que foi a primeira visita domiciliar que fizemos. Penso que se estivéssemos acompanhadas por um orientador, poderíamos observar e aprender mais sobre qual deve ser o procedimento durante a visita domiciliar, o que nos traria mais segurança.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

O Primeiro Dia na Comunidade

Hoje tivemos o primeiro dia de prática da disciplina. Por este motivo, estivemos mais envolvidos em conhecer o espaço da comunidade e sua história, a organização do posto de saúde, conhecemos os professores e alguns funcionários do posto, além de conversarmos um pouco sobre como se dá a atuação daquela unidade dentro da comunidade. Sendo assim, falarei um pouco sobre estes assuntos.

A comunidade atendida pela unidade de saúde se chama Novo Palmares, possuindo cerca de 1350 habitantes, distribuídos em 450 famílias. A localidade é divida em seis micro-áreas, sendo a de número 6, também chamada de Vacaria, a que possui a situação mais crítica, em razão de ter o acesso ao saneamento básico mais dificultado.

Uma coisa que achei muito interessante, foi a existência de um mapeamento territorial feito em toda a comunidade, indicando cada moradia ou outro tipo de estabelecimento (igrejas, comércio, etc.) que fazem parte de seu território, bem como locais que possam apresentar algum risco à saúde da comunidade, como, por exemplo, a presença de "valões". Essa iniciativa concretiza uma das prerrogativas da estratégia Saúde da Família, que é a de acompanhar as famílias dentro de uma área geográfica delimitada, o que permite que a equipe de saúde atue conhecendo todo o ambiente no qual está inserido o indivíduo e, mais do que isso, possa agir promovendo a saúde, a prevenção e a reeducação.

Além disso, estou gostando bastante de conhecer a importância da atenção básica à saúde, que por muito tempo foi negligenciada em nosso país. Ela trata-se do primeiro nível de atenção à saúde, sendo, preferencialmente, a “porta de entrada” do sistema de saúde. Outra coisa muito interessante foi descobrir que em Novo Palmares, cerca de 9 em cada 10 pacientes conseguem resolver seus problemas na própria unidade de saúde da família, o que mostra que a atenção básica deve ser uma prioridade na gestão do sistema, porque possibilita uma melhor organização e funcionamento também dos serviços de média e alta complexidade. Estando bem estruturada, ela reduzirá as filas nos prontos-socorros e hospitais, o consumo abusivo de medicamentos e o uso indiscriminado de equipamentos de alta tecnologia. Isso porque os problemas de saúde mais comuns passam a ser resolvidos nas unidades básicas de saúde, deixando os ambulatórios de especialidades e hospitais cumprirem seus verdadeiros papéis, o que resulta em maior satisfação dos usuários e utilização mais racional dos recursos existentes.

Tenho gostado muito da experiência e, principalmente, de poder iniciar a prática médica em um ambiente totalmente diferente do ambiente hospitalar e espero poder assimilar, durante esta oportunidade, valores que me auxiliem no desenvolvimento de uma relação médico-paciente mais humanizada e menos distante.

Apresentação

A partir de hoje estarei utilizando este espaço para compartilhar minhas expectativas, impressões, experiências e descobertas durante um período de estágio em um Posto de Saúde da Família, que estou tendo a oportunidade de participar através de uma disciplina que curso na universidade onde estudo (Atenção Integral à Saúde).

Minhas expectativas com relação à disciplina e ao estágio são as de poder - finalmente - ter um contato inicial com a prática médica.

Antes de desenvolver a proposta deste blog, gostaria de fazer uma breve apresentação. Meu nome é Marcella, tenho 20 anos e moro no Rio de Janeiro, mesma cidade em que nasci. Sou estudante de medicina, carreira que optei seguir porque sempre tive um grande interesse pela área da Biologia, assim como pelo envolvimento social, o qual penso que deve estar intimamente relacionado à atividade de qualquer profissional de saúde. Sendo assim, espero poder ajudar outras pessoas a levarem uma vida com mais qualidade, não somente na área física ou biológica, mas em todos os seus âmbitos.

Até o próximo post!