quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Acompanhando a consulta de A.G.M. na USF

Hoje eu e minha dupla fomos até a casa do paciente A.G. para realizar mais uma visita domiciliar. Fomos muito bem recebidas e conversamos com ele e sua esposa sobre se eles haviam conseguido, durante aquela semana, modificar os hábitos alimentares da casa, especialmente o paciente. Sua esposa relatou que ele não demonstrava esforço para melhorar sua saúde nesse sentido, o que também foi admitido ser uma tarefa difícil pelo próprio, o qual contou que vem se alimentando de pães, massas e cereais. Conversamos, mais uma vez, com a família que estes alimentos eram ricos em glicose e que, devido a diabetes mellitus, deveriam ser evitados pelo paciente. Explicamos sobre os agravos que a evolução do diabetes podem causar, tais como insuficiência renal, amputação de membros inferiores, cegueira e doença cardiovascular. O paciente informou estar consciente dos riscos e se comprometeu em procurar melhorar os hábitos alimentares.

Além disso, perguntamos se ele poderia ir até a USF, a fim de realizar a medida da PA e da glicemia. O paciente se disponibilizou e desejou ir imediatamente até a unidade. Chegando lá, acompanhamos sua consulta com uma interna sob supervisão. Foi aferida a PA, que estava em 14/9 e a glicemia, a qual estava acima de 450. Por este motivo, o paciente foi encaminhado à UPA, a fim de realizar insulinoterapia. Mais uma vez foi orientado sobre sua alimentação e sobre as complicações do diabetes.

sábado, 11 de setembro de 2010

Diabetes mellitus e HAS

Aproveitando o caso do paciente que estamos acompanhando nas visitas domiciliares, trago um pequeno texto com o conceito de DM e HAS e com a conduta a ser tomada com relação a elas na Atenção Básica.

Diabetes mellitus (DM)


O diabetes é um grupo de doenças metabólicas caracterizadas por hiperglicemia e associadas a complicações, disfunções e insuficiência de vários órgãos, especialmente olhos, rins, nervos, cérebro, coração e vasos sangüíneos. Pode resultar de defeitos de secreção e/ou ação da insulina envolvendo processos patogênicos específicos, por exemplo, destruição das células beta do pâncreas (produtoras de insulina), resistência à ação da insulina, distúrbios da secreção da insulina, entre outros.

Considerando a elevada carga de morbi-mortalidade associada, a prevenção do diabetes e de suas complicações é hoje prioridade de saúde pública. Na atenção básica, ela pode ser efetuada por meio da prevenção de fatores de risco para diabetes como sedentarismo, obesidade e hábitos alimentares não saudavéis; da identificação e tratamento de indivíduos de alto risco para diabetes (prevenção primária); da identificação de casos não diagnosticados de diabetes (prevenção secundária) para tratamento; e intensificação do controle de pacientes já diagnosticados visando prevenir complicações agudas e crônicas (prevenção terciária).

O cuidado integral ao paciente com diabetes e sua família é um desafio para a equipe de saúde, especialmente para poder ajudar o paciente a mudar seu modo de viver, o que estará diretamente ligado à vida de seus familiares e amigos. Aos poucos, ele deverá aprender a gerenciar sua vida com diabetes em um processo que vise qualidade de vida e autonomia.

Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS)

Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é um problema grave de saúde pública no Brasil e no mundo. Ela é um dos mais importantes fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, cerebrovasculares e renais, sendo responsável por pelo menos 40% das mortes por acidente vascular cerebral, por 25% das mortes por doença arterial coronariana e, em combinação com o diabete, 50% dos casos de insuficiência renal terminal. Com o critério atual de diagnóstico de hipertensão arterial (PA 140/90 mmHg), a prevalência na população urbana adulta brasileira varia de 22,3% a 43,9%, dependendo da cidade onde o estudo foi conduzido. A principal relevância da identificação e controle da HAS reside na redução das suas complicações, tais como:
• Doença cérebro-vascular
• Doença arterial coronariana
• Insuficiência cardíaca
• Doença renal crônica
• Doença arterial periférica

Os profissionais de saúde da rede básica têm importância primordial nas estratégias de controle da hipertensão arterial, quer na definição do diagnóstico clínico e da conduta terapêutica, quer nos esforços requeridos para informar e educar o paciente hipertenso como de fazê-lo seguir o tratamento. É preciso ter em mente que a manutenção da motivação do paciente em não abandonar o tratamento é talvez uma das batalhas mais árduas que profissionais de saúde enfrentam em relação ao paciente hipertenso. Para complicar ainda mais a situação, é importante lembrar que um grande contingente de pacientes hipertensos também apresenta outras comorbidades, como diabete, dislipidemia e obesidade, o que traz implicações importantes em termos de gerenciamento das ações terapêuticas necessárias para o controle de um aglomerado de condições crônicas, cujo tratamento exige perseverança, motivação e educação continuada.


quinta-feira, 9 de setembro de 2010

A Primeira Visita Domiciliar



No dia de hoje eu e minha dupla realizamos a primeira visita domiciliar ao paciente A.G. Saímos da Unidade de Saúde acompanhadas por uma professora, o que me fez pensar que a visita seria guiada pela mesma. Porém, ao chegarmos ao local em que o paciente reside, a professora foi embora, e foi quando eu e minha dupla percebemos que a visita seria feita apenas por nós. Assim, perguntamos ao paciente se poderíamos entrar para uma breve conversa, sendo prontamente recebidas. Explicamos o motivo de nossa visita e que estaríamos acompanhando-o semanalmente ao longo do semestre. O paciente foi bastante atencioso, bem como sua esposa, e conversamos a respeito da história de sua família, relações familiares, observamos e perguntamos sobre as condições do lar como, por exemplo, a fonte da água utilizada por eles, se havia rede de esgotos, etc., a fim de identificar algum possível foco de intervenção, não sendo observado nenhum fator de risco. Procuramos observar também se havia a presença de outros fatores de risco que pudessem afetar as condições de vida daquela família, sendo apenas observado, a partir do relato da esposa, que A.G. era etilista. Diante disso, orientamos o mesmo sobre os malefícios à saúde que o álcool pode trazer.

Após isso, conversamos sobre a situação de saúde do paciente, o qual é portador de diabetes mellitus e hipertensão arterial sistêmica. Assim, perguntamos sobre seus hábitos alimentares e atividades físicas. Devido a um problema de artrose nos joelhos, o paciente relatou ser impedido de realizar atividades físicas e, quanto à alimentação, relatou não estar controlando a ingestão de açúcar e sal. Ao perceber isso, orientamos o paciente sobre como manter uma dieta mais saudável e que contribua para o menor agravo de sua doença. Também perguntamos se o paciente estava fazendo uso de medicação, o qual relatou estar fazendo uso, conforme recomendação médica.

Finalmente, considerei a visita muito boa. Eu e minha dupla fomos muito bem recebidas e adoramos conversar com o paciente e sua esposa. Na hora da saída ela até nos serviu um pedaço de cocada, mostrou as fotos dos outros moradores da casa, que se encontravam trabalhando no momento, e até mesmo se emocionou, chorando, ao contar sobre a tristeza pelo término do namoro de um dos filhos. O ponto negativo da visita foi a ausência de um orientador, visto que foi a primeira visita domiciliar que fizemos. Penso que se estivéssemos acompanhadas por um orientador, poderíamos observar e aprender mais sobre qual deve ser o procedimento durante a visita domiciliar, o que nos traria mais segurança.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

O Primeiro Dia na Comunidade

Hoje tivemos o primeiro dia de prática da disciplina. Por este motivo, estivemos mais envolvidos em conhecer o espaço da comunidade e sua história, a organização do posto de saúde, conhecemos os professores e alguns funcionários do posto, além de conversarmos um pouco sobre como se dá a atuação daquela unidade dentro da comunidade. Sendo assim, falarei um pouco sobre estes assuntos.

A comunidade atendida pela unidade de saúde se chama Novo Palmares, possuindo cerca de 1350 habitantes, distribuídos em 450 famílias. A localidade é divida em seis micro-áreas, sendo a de número 6, também chamada de Vacaria, a que possui a situação mais crítica, em razão de ter o acesso ao saneamento básico mais dificultado.

Uma coisa que achei muito interessante, foi a existência de um mapeamento territorial feito em toda a comunidade, indicando cada moradia ou outro tipo de estabelecimento (igrejas, comércio, etc.) que fazem parte de seu território, bem como locais que possam apresentar algum risco à saúde da comunidade, como, por exemplo, a presença de "valões". Essa iniciativa concretiza uma das prerrogativas da estratégia Saúde da Família, que é a de acompanhar as famílias dentro de uma área geográfica delimitada, o que permite que a equipe de saúde atue conhecendo todo o ambiente no qual está inserido o indivíduo e, mais do que isso, possa agir promovendo a saúde, a prevenção e a reeducação.

Além disso, estou gostando bastante de conhecer a importância da atenção básica à saúde, que por muito tempo foi negligenciada em nosso país. Ela trata-se do primeiro nível de atenção à saúde, sendo, preferencialmente, a “porta de entrada” do sistema de saúde. Outra coisa muito interessante foi descobrir que em Novo Palmares, cerca de 9 em cada 10 pacientes conseguem resolver seus problemas na própria unidade de saúde da família, o que mostra que a atenção básica deve ser uma prioridade na gestão do sistema, porque possibilita uma melhor organização e funcionamento também dos serviços de média e alta complexidade. Estando bem estruturada, ela reduzirá as filas nos prontos-socorros e hospitais, o consumo abusivo de medicamentos e o uso indiscriminado de equipamentos de alta tecnologia. Isso porque os problemas de saúde mais comuns passam a ser resolvidos nas unidades básicas de saúde, deixando os ambulatórios de especialidades e hospitais cumprirem seus verdadeiros papéis, o que resulta em maior satisfação dos usuários e utilização mais racional dos recursos existentes.

Tenho gostado muito da experiência e, principalmente, de poder iniciar a prática médica em um ambiente totalmente diferente do ambiente hospitalar e espero poder assimilar, durante esta oportunidade, valores que me auxiliem no desenvolvimento de uma relação médico-paciente mais humanizada e menos distante.

Apresentação

A partir de hoje estarei utilizando este espaço para compartilhar minhas expectativas, impressões, experiências e descobertas durante um período de estágio em um Posto de Saúde da Família, que estou tendo a oportunidade de participar através de uma disciplina que curso na universidade onde estudo (Atenção Integral à Saúde).

Minhas expectativas com relação à disciplina e ao estágio são as de poder - finalmente - ter um contato inicial com a prática médica.

Antes de desenvolver a proposta deste blog, gostaria de fazer uma breve apresentação. Meu nome é Marcella, tenho 20 anos e moro no Rio de Janeiro, mesma cidade em que nasci. Sou estudante de medicina, carreira que optei seguir porque sempre tive um grande interesse pela área da Biologia, assim como pelo envolvimento social, o qual penso que deve estar intimamente relacionado à atividade de qualquer profissional de saúde. Sendo assim, espero poder ajudar outras pessoas a levarem uma vida com mais qualidade, não somente na área física ou biológica, mas em todos os seus âmbitos.

Até o próximo post!